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terça-feira, 31 de maio de 2011

Sonhos imperfeitos



Por Fabiana Marino

Quais sonhos me reservam o futuro? Será que me enganei todos esses anos? Espero que não! Ainda criança, eu ansiava ser duas coisas quando crescesse, bailarina e jornalista.

A dança ainda permeia minha vida, não mais a praticando, mas vivenciando- a em cada momento que posso fazê-la parte da minha vida. Livros, espetáculos, músicas e programas, preenchem o vazio de não poder mais exercê-la.

E o jornalismo? Essa profissão, que adotei desde o dia que vi pela primeira vez Fátima Bernardes apresentando o Jornal Nacional, fez parte da minha vida como se eu não pudesse ser mais nada além disso.

Escrevi poesias, criei histórias nos livros que só havia figuras e sempre apresentei uma habilidade com as palavras, o que me tornava perfeita para essa profissão. Será? Não é dessas qualidades que se precisa? O que aconteceu no meio do caminho?

Sinto que me perdi em algum momento dessa caminhada. Aquilo que eu sempre acreditei ser, sumiu, e não consigo reavê-la. As ações necessárias para se chegar lá, eu trilhei. Mas o que aconteceu? Se agora me sinto perdida, será que tudo em que eu sonhei e um dia acreditei estava errado?

Não! Quando penso em denunciar fatos, chamar a atenção das pessoas sobre o que está acontecendo no mundo e me tornar uma referência, me fez perceber o quanto eu amaria ser para sempre uma jornalista.

Sei que só preciso de uma chance, uma oportunidade para mostrar quem eu sou e do que sou capaz. Mas as portas estão fechadas, a esperança se esvai e os sonhos.... ficam para outra hora.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Oportunidade X capacidade



Por Fabiana Marino


O sol realmente não nasce para todos. Pessoas qualificadas não conseguem entrar no mercado de trabalho, pelo simples fato de não ter um QI (quem indique). Como provar que são capazes, se nem ao menos tem a oportunidade de mostrá-lo.

Ainda crianças, através de perguntas dóceis de seus pais, esses indivíduos escolhem as profissões que desejam seguir, com o objetivo de realizar uma atividade para o resto de suas vidas, que amem e lhes promovam prazer no que fazem.

Quando jovens, realizam o sonho de concluir a profissão que escolheram, e vislumbram o dia que estarão à frente de um cargo importante dentro de uma grande empresa, fazendo aquilo que gostam e ainda recebendo por isso.

Contudo, os sonhos podem não se realizarem. Muitos, enquanto estão cursando suas faculdades, não tem tempo para trabalhar na área, e acabam se formando sem experiência na profissão. Isso traz uma dificuldade a mais, que irão encontrar para se inserir no mercado de trabalho, após concluírem seus cursos.

É triste ver tantas pessoas apaixonadas pela sua área de atuação e não tendo a oportunidade de exercê-la. No final das contas, cansados de lutar e achando que são incapazes, acabam em subempregos pelo resto de suas vidas, com a convicção que não nasceram para tal papel.
Mesmo aqueles que podem gozar de oferecer seu trabalho gratuitamente, passam por rigorosas seleções sem saber ao certo se serão selecionados. E quando isso acontece, ficam na ansiedade de um dia serem contratados.

O que fazer? Desistir do que escolheu fazer com amor e dedicação, e engajar-se em outras ocupações para sobreviver? Ou simplesmente seguir adiante com o resto das forças que ainda lhe sobram?

Essa situação vai muito além da capacidade desses jovens. É preciso um mínimo de oportunidade. Como dizer que não se sabe ler, se não se viu o que está escrito? Como mostrar a qualificação sem uma oportunidade?